Uma princesa
vivia num Reino tão distante que parecia outro mundo. Um dia, ao brincar perto
dos jardins, percebeu que a porta da entrada do Reino estava encostada. A
curiosidade entrou em seu coração... ela olhava pra sua terra e via tudo lindo,
perfeito, sentia a paz, amava ser filha do Rei, mas resolveu experimentar o
desconhecido lado de fora.
Afastou-se,
mas sempre olhava pra trás e via que seu Reino ainda estava perto e em poucos
minutos poderia retornar a ele. Como tudo lhe parecia novo, diferente, se
distraiu conhecendo o reino oposto e, quando percebeu, estava tão inserida nele
que olhou pra trás e já não podia mais enxergar o Reino distante... ela
pensava:
- Ah, ele está
longe, mas depois eu volto, ele sempre continuará lá! Eu ainda sou princesa...
No reino oposto
sua coroa caiu de sua cabeça. Um homem passou, juntou-a e saiu correndo,
roubando-a para sempre. Ela pensou:
- Perdi a
coroa sim, mas meu pai há de me dar outra... sou princesa!
Caminhou
deslumbrada com o diferente e descobriu o sentido da palavra “proibido”.
Seu pai, ao
notar sua ausência, mandou os guardas procurarem por ela. O problema é que
tinha se afastado demais, por isso não foi encontrada por eles.
Chegou um
tempo em que, quanto mais se afastava de seu Reino, mais se esquecia dele. Suas
lindas roupas começaram a ficar gastas, sujas, a fome apertou, a solidão veio,
mas ela se cercou de novos “amigos” e novos “prazeres”. Como sua roupa antiga
tinha pedras preciosas e fora costurada com fios de ouro, pois seu pai sempre a
vestiu com vestes de excelência, resolveu desmanchá-la e vender o que se
aproveitava de valor. Conseguiu um bom dinheiro e com ele mais “amigos”.
Quando esse dinheiro acabou, ela percebeu que seu corpo,
antes protegido por vestes nobres, agora estava exposto em vestes pobres. Deu
uma volta no novo mundo e sentiu que, quando a música da balada, os beijos e o
álcool acabavam, vinham a solidão, a depressão e um vazio... um vazio imenso!
Foi então que
se lembrou de seu palácio. Pensava:
- Papai é bom,
quando voltar, sei que vai me acolher.
Tentou achar o
caminho de volta, mas estava tão distante e não se lembrava mais o percurso
certo. Desesperada, buscou informações, mas seus “amigos” jamais estiveram
naquele lugar, por isso, nunca poderiam ajudá-la a voltar! Pior: era muito
longe e eles não estavam dispostos a caminhar tanto... foi quando ela percebeu
que não tinha amigos!
Sem dinheiro,
sem roupas adequadas, com uma aparência que em nada mais lembrava uma princesa
e vivendo numa sociedade diferente da sua, ela chorou.
Desnorteada,
cambaleante, desesperada, correu em tantas direções que nem sabia descrever.
Milagrosamente se deparou com a entrada do seu Reino. Sim, ele estava ali!
Finalmente poderia ser princesa de novo, ser feliz ao lado de seu pai, seu
melhor e verdadeiro amigo (só agora ela sabia).
Ao se
aproximar do portão, viu que estava trancado. Bateu, gritou... os sentinelas
abriram e, quando disse que queria entrar, riram dela e disseram:
- Por que
abriríamos as portas de nosso Reino a você?
Ela respondeu:
- Eu sou a
princesa, voltei pra casa.
Eles riram
novamente e disseram:
- A princesa
que tínhamos sumiu faz tempo e em nada se parece com você. Ela jamais usaria
essas roupas vulgares, jamais abandonaria um Reino tão bom por tanto tempo. A
bondade estava em seus olhos quando andava em nossas ruas; ela era um
referencial pra nós de tal forma que cremos até que fora levada à força pro
outro reino. Custa-nos acreditar que uma linda princesa tão inteligente e boa
por si só tenha a ideia infeliz de ir viver num Reino tão ruim. Sim, com
certeza, ela deve ter sido forçada! Agora saia daqui e volte pra seu reino.
Aqui não é seu lugar!
Ela chegou à conclusão de que eles falavam a verdade. De
fato, ela não tinha mais o porte da realeza, seus olhos não tinham mais a
bondade porque agora ela sabia o que era a maldade. Sem forças pra voltar e
faminta, desmaiou perto do portão.
No outro dia,
o rei resolveu mandar trocar o portão, pois soubera que gente estranha do outro
reino estava tentando entrar ali. Ficou tão preocupado que foi pessoalmente
fiscalizar a colocação do portão novo, estrategicamente menor e mais estreito
que o antigo, para que ficasse mais difícil entrar por ali. Retiraram o portão
velho e colocaram o novo... foi quando ele avistou sua filha e a reconheceu.
Como agora a entrada era menor, os guardas não puderam carregá-la pra dentro.
Aflito, o pai
gritou por ela, ultrapassou os limites da fortaleza, sacudiu a moça e ela
levantou cambaleante. Por ser estreita a nova passagem, não pode carregá-la.
Apenas se limitou a dizer:
- Filha, eu
não vou te obrigar, mas se quiser adentrar novamente no nosso Reino, terá que
entrar com suas próprias pernas sozinha, passando pela porta estreita. O que
posso fazer é ir atrás de você para te proteger de uma queda. O que você me
diz?
Ela respondeu:
- Pai, nem
pense em ir atrás de mim! Vá na minha frente, porque mesmo que eu caia, sei que
o senhor voltará pra me socorrer.
Ele disse:
- Não seria
melhor ir atrás e nem te deixar cair?
Ela chorou e
respondeu:
- Não, pai, a
única vez que resolvi ir na frente, te deixei para trás e o Reino também, te
fazendo sofrer porque eu tinha me perdido... agora, vá o senhor na minha frente
e eu te seguirei, porque o senhor sempre me guiou por caminhos bons, eu é que
nunca tinha percebido isso.”
Se você já foi
uma princesa ou príncipe do Senhor e se perdeu no outro reino, repense e veja
se não é hora de voltar... pode ser que amanhã seja tarde demais! Se você ainda
é um príncipe ou princesa do Senhor, continue dentro do Reino de Deus, não saia
das fronteiras de seu Pai. Não negocie seus valores e nem adentre no mundo para
o qual você não foi criado!
Se você leu
esse texto tão longo até o final, há um propósito nisso... pergunte a Deus o
motivo! Nada é por acaso!
A você que não conheceu o Reino de Deus, desprenda-se dos
"valores" materialistas e passageiros desse mundo e busque conhecer
um Reino muito melhor, pode acreditar! Transformar-se em príncipe ou princesa é
escolha exclusivamente SUA! O Rei te convida hoje, mas só entrarás no castelo
com tuas próprias pernas!
(texto de Andreza Vieira)